sábado, 31 de outubro de 2009

A minha alma cheira a palco

É claro que eu penso em desistir e ser normal,ter salário fixo, carteira assinada, escritório, fim de semana.Mas a minha alma cheira a palco, a pancake, a gelo seco.A minha arte se manifesta em cada olhar torto, cada critica cruel, cada discussão estúpida.A minha voz só tem som no palco, nos ensaios exaustivos, quando a garganta não agüenta mais, o diafragma não segura mais .Foi no teatro, na coxia,no palco , no camarim que me criei, que cresci, que aprendi.Um oficio sagrado, e profano, amado e odiado, aclamado e criticado. Hoje posso ser patrícia, mas já fui Malu, já fui principe,fui Teité, de tudo um pouco.Eita brincadeira divina, nós brincamos de ser Deus, mas não somos nada.E não somos nada mesmo, mas lá, naqueles 15,30,60 minutos somos tudo, somos aquilo que nunca tivemos coragem de ser.A minha alma cheira a palco, a pancake, a gelo seco, e se veste de bobo da corte e de tragédia grega.A minha alma, é um pano bizarro, cheio de furos e rasgos, é um ser desconhecido, e de todos os personagens é o mais difícil de interpretar, de me entregar.Por isso me visto de puta e de menina de família, porque qualquer personagem, em qualquer peça, em qualquer momento, será muito mais fácil do que a minha personagem, a minha peça, a minha alma, que a propósito, cheira a palco.

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